Circuitos Sebastianistas e Quinto Imperiais

 

Os itinerários, as metamorfoses e os poliédricos contextos do messianismo luso, revisitados nos seus mais decantados avatares.


Percurso 1: O Monumento de Mafra: Templo de Salomão e novo Vaticano

O Monumento de Mafra apresenta-se simultaneamente como uma imensa antologia de artes plásticas e um enigma. Não obstante, quando ocorre definir a actuação de D. João V, raros são aqueles que não caem na tentação de dizer que tudo o que o soberano tinha em mente era uma insaciável sede de ostentação, ou que a exuberante sumptuária de que se fazia Mecenas apenas servia a esse fim. Explanação pobre que esvazia de sentido a retórica do poder sacralizado que a impregnava. Efectivamente, o espectáculo é, no período barroco, uma necessidade intrinsecamente associada ao exercício do poder.  

Pessoas e instituições assumem o compromisso tácito, quase obrigatório, de o secundar nesse desiderato. Paralelamente, o estado segrega a mitologia do Imperium. Porém, uma vez adoptada a lição da Antiguidade Clássica e do seu tempo mítico, os monarcas absolutos herdeiros da romanidade, carecem do espaço mítico correspondente: a cidade capital, edificada à imagem e semelhança de Roma, cujo significado derradeiro, assumido como segredo de Estado e mistério religioso, só ao Rei é dado revelar. Despicienda a tradição que garante que Mafra está destinada a tornar-se Roma um dia ?

Eis o que este percurso visa esclarecer.

Percurso 2: Trancoso, Bandarra e o Sebastianismo

Sugere Fernando Pessoa a conveniência de trocar Fátima por Trancoso como oriente da romagem aos valores da portuguesia genuína. Correspondendo ao alvitre do poeta, este programa propõe-se evidenciar a poética fundante do Sebastianismo, patenteando os contornos sincréticos do movimento, bem como a sacralidade subjacente ao cenário em que se manifestou o seu corifeu: Trancoso, ela própria uma vila mandala. Efectivamente, se os anais trancosanos alçam a herói D. Álvaro Vaz Coutinho, o Magriço das aventuras da cavalaria galante, o seu filho dilecto é Gonçalo Anes Bandarra, o sapateiro contemporâneo de Nostradamus, consagrado oráculo do Quinto Império.

No decurso deste programa, que inclui a visita ao Museu Judaico de Belmonte, serão ainda abordadas algumas das facetas cruciais do messianismo sefardita em Portugal.


Percurso 3: Baixa Pombalina: Itinerários alfacinhas do Quinto Império

A Baixa lisboeta acha-se concebida como um autêntico cosmograma, razão por que nenhuma das suas partes constituintes pode ser alienada sem prejuízo do todo e dos seus utentes, inexoravelmente influenciados pelo clima psíquico que preside à estrutura física da obra.

Ao arquitecto que a concebeu se pode com propriedade chamar visionário, porquanto por via da aplicação a ela de certos cânones tradicionais (os quatro Horizontes, as duas Vias e os três Recintos), favoreceu a revitalização da essência trina do genius loci da “cidade dos sete oiteiros”, cujo vigor primevo, abalado pelo terramoto, logrou, desse modo, reencontrar um receptáculo consentâneo com o seu destino de capital do Quinto Império.


Percurso 4: Lisboa, Nova Roma: Itinerários Alfacinhas do Quinto Império

 

Via estar todo o Céu determinado

de fazer de Lisboa nova Roma

Não o podendo estorvar que destinado

Está de outro poder que tudo doma.

 

Nos versos de Os Lusíadas que servem de epígrafe encontram-se implicados conceitos a que o poeta apenas alude por serem, decerto, do conhecimento geral. Não parecem restar dúvidas sobre esse facto cultural, ainda que dele se não hajam extraído todas as consequências.

Era antiga e muito divulgada a opinião de que os fundadores das religiões agiam em virtude de poderes astrológicos. Suportavam-na a teoria averroísta do intelecto uno agente e as ideias do astrólogo muçulmano Albumazar que supunham necessária a relação entre a precessão dos equinócios, a conjunção dos planetas, a origem das religiões e o local da respectiva manifestação.

Foi a vigência dessas doutrinas em Portugal, conjugada com outros argumentos a ponderar, que conferiu e alimentou o papel escatológico de Lisboa como Caput Mundi e espaço teofânico do Quinto Império.

Desvendar a "cidade dos sete oiteiros que terá em si o Império" é o desafio feito a quem comungar com o Poeta o sentimento de que É A HORA!


Percurso 5: Da Igreja do Convento de Jesus (Setúbal) à Quinta da Bacalhoa (Azeitão)

Cronologicamente, o Convento de Jesus foi o primeiro edifício concebido consoante as categorias estéticas que haviam de dar corpo ao estilo, mais tarde, crismado de manuelino. Do mesmo modo, a Quinta da Bacalhoa, edificada pelo filho de Afonso de Albuquerque, foi precursora dos jardins renascentistas portugueses.

O cunho milenarista que comungam será evidenciado, de molde a facultar uma aproximação justa ao complexo ideológico que, além de condicionar as opções projectuais, informou também a semântica iconológica de ambos os complexos monumentais.


Percurso 6: Revisitar Alcácer Quibir: D. Sebastião, de Desejado a Encoberto
 

Percurso 7: A Batalha de Ourique (Castro Verde) e o Providencialismo Português
 

 
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