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Festa da Candelária |
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A Candelária, sucedâneo cristão do Imbolc celta (festival de Brigit, cristianizada como Santa Brígida), das Thesmophoria gregas (assinalando o regresso de Perséfone do submundo) e da festa latina em honra de Juno, é uma das mais antigas festividades do calendário litúrgico Romano. No séc. IV já era celebrada em Jerusalém, a 14 de Fevereiro (40 dias após a Epifania). A igreja do ocidente festeja-a desde o séc. VI (543), com o título de Occursus Domini, designação que persistiu até finais da Idade Média. Assinala a conclusão do tempo de Natal e comemora a apresentação do Menino no Templo, com o sacrifício da purificação de Maria, conforme as prescrições da Lei mosaica (sendo meninas, o Levítico determina a sua apresentação ao Sumo-sacerdote passados 80 dias sobre a data do nascimento). Celebra-se, por consequência, quarenta dias após o Natal, assinalando o final da quarentena, número de espera, de preparação, de prova e de castigo, a que se atribui enorme valor simbólico: a aliança de Noé sucede aos 40 dias do dilúvio; Moisés é chamado por Deus aos 40 anos, permanecendo 40 dias no Sinai; os hebreus infiéis erram durante 40 dias no deserto; Saúl, David e Salomão reinam 40 anos cada um; Jesus é conduzido ao Templo 40 dias após o nascimento, sai vitorioso da tentação a que é sujeito durante 40 dias, prega durante 40 meses, ressuscita após 40 horas de permanência no sepulcro e manifesta-se aos discípulos nos 40 dias que precedem a Ascensão. A Candelária também é chamada Nossa Senhora das Candeias por nela ter lugar a procissão e bênção das velas e círios, instituída pelo papa Gelásio. As velas e círios dos fiéis são benzidos antes da cerimónia, no decurso da qual o sacerdote invoca a luz (Simeão exclamou vendo Jesus no templo: "Luz dos Gentios" = Lucas, II, 26) e a protecção para todos os portadores. Tais velas tornam-se, desse modo, um excelente profiláctico contra tempestades, colocando-se também nas mãos dos moribundos. Esta festa, também conhecida sob os títulos de Nossa Senhora da Oliveira e de Nossa Senhora da Purificação, foi dia santo de guarda até à Reforma de Pio X (1903-1914). Julga-se ter sido a primeira festividade em honra de Maria celebrada em Portugal. Era festa de guarda na Ordem do Templo (cf. Regra Primitiva, § 75). A Ordem de Cristo realizava uma Procissão no dia da Purificação, no convento de Tomar. |
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